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O dicionário de Oxford anuncia anualmente uma palavra ou expressão definidora do espírito do último ano. O termo escolhido em 2024 foi “brain rot”, significando “cérebro podre”. O termo é de 1854, usado por Henry David Thoreau para questionar a falta de valorização de ideias complexas, gerando uma redução da capacidade intelectual. Atualmente, os celulares têm sido responsáveis por esses efeitos, sobretudo, entre os jovens, aproveitando o equipamento para aprender conteúdos escolares.
O grupo é considerado um dos principais usuários dos aparelhos eletrônicos, sempre com o telefone próximo para caso de necessidade ou de um longo período de distração. Um estudo da Common Sense Media e do Hospital Pediátrico C. S. Mott, da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, apontou que adolescentes, entre 11 e 17 anos, costumam ar mais de quatro horas diárias conectados, contudo, essa realidade varia de acordo com cada lugar.
A preferência é pelas redes sociais, como o TikTok, Instagram, X (antigo Twitter), YouTube e Facebook, entre outras, apresentando conteúdo diversificado para todos os interesses. O problema, conforme explica a PHD em neurociências, psicanalista e psicopedagoga, Ângela Mathylde Soares, é que a tecnologia atinge diretamente a capacidade das pessoas de memorizar informações, independentemente da idade.
O alto consumo, associado à velocidade, obriga o cérebro a lidar com uma grande sobrecarga sensorial e a apresentar dificuldade para processar todas as informações e salvá-las, tornando-as de curto prazo e, consequentemente, dificultando a aprendizagem.
Para burlar essa realidade, crianças e jovens fora do Brasil estão convertendo os textos escolares e artigos científicos em vídeos “brain rot” personalizados, através de sites que resumem, adaptam e transformam o texto em áudio e colocam vídeos de jogos e/ou engraçados de fundo.
Assim, não é necessário separar algumas horas do dia para sentar em uma mesa, em um ambiente silencioso e encarar um livro, situação considerada entediante por muitos. A preocupação de especialistas está no excesso de informações visuais e na diminuição da capacidade de concentração, principalmente, quando as atividades são consideradas mais longas.
Ângela alerta que a estratégia pode dar a falsa ideia de aprendizado. Afinal, além de resumir bastante o conteúdo, as imagens de fundo chamam atenção e, às vezes, mais que o texto, sendo que o excesso de estímulo cansa o cérebro.
Contudo, o uso de vídeos “brain rot” podem não ser de todo ruins. Os especialistas defendem que a técnica pode ser empregada como forma de complemento, ou seja, após o aluno estudar toda a matéria pelo método tradicional, com livros, cadernos, canetas, anotações e exercícios, usando o vídeo apenas como forma para revisar as informações.
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